No curso para comissária de bordo, depois de muitas simulações em
terra onde o instrutor abusava de se esfregar em nossa rotundas
anatomias, finalmente, após algumas aulas de vôo, nós íamos
saltar de paraquedas. Esse é um momento em que sempre brota um
friozinho na barriga... Em que sempre os esfincteres ficam mais
fechados que o normal...
Toda a minha turma de trinta alunos
saltaria. Voavamos num Hércules quase aposentado da segunda guerra.
Medo duplo... Pelo menos tinhamos paraquedas, pensei eu.
Lá no alto
as reações se dividiam e alguns desistiram de pular. REPROVADOS no
teste! Agora só no próximo semestre...
Confesso que me caguei toda.
Mas ai me lembrei dos exemplos de meu pai, de meu avô, de minha avó
e etc em seus momentos cruciais da vida mostrando coragem e
encarando. Minha vó, tadinha, vindo da galícia, encarando os
marinheiros nos mais diversos angulos. Meu Avô levando fumo direto
la na Calabria e papai levando linguiça direto no Rio de Janeiro
para dar conforto a família. Essa era a minha chance de mostrar
minha stamina, meu brio, e que, embora não tivesse, eu tinha
“culhões”. Na hora H=> TALLY HOO !!!!! E lá fui eu de salto
para o ar... UAUU!! Que sensação de liberdade!! O paraquedas
parecia normal. Eu demorei a puxar a cordinha. Quis sentir mais
a velocidade do ar contra o rosto...
Clarice, a baixinha folgada
pulou junto comigo. Depois descobri que aquele não era seu primeiro
salto. Lá embaixo havia um alvo. Quanto mais próximo do alvo maior
a pontuação do salto. A desgraçada sabia exatamente o que fazer. O
seu major/amante já havia antecipado seu treinamento. Ela se
esqueirava direcionando-se certeiramente ao alvo enquanto eu fazia do
jeito que podia... Nos instantes finais um golpe de sorte e uma
lufada de ar inesperada tira Clarice da direção central do alvo e
me põe no lugar.. NA MOSCA!!! Pontuação máxima e eu estava
finalmente na frente dela... Mês que vem seria minha formatura e com
a minha ficha quase perfeita um vôo internacional me esperava, pelo
menos assim pensei... Ela ficou roxa de raiva...
No PII o fim de ano se aproximava e algumas notas minhas estavam
nada boas. Pedi ajuda ao Orlando MAS ele não era bom em matemática
nem em quimica, minhas maiores dificuldades. Mato sem cachorro.
Precisei pôr anuncio no balcão da escola procurando explicador
local. Um nerd doidão apareceu. Paulinho era magro como um bambu.
Óculos fundo de garrafa. Uma napa de nariz onde dava para pendurar
toalha. Espinhas a dar com pau... MAS em compensação boa voz, boa
dicção e sabedor do que eu precisava. Durante quatro noites, depois
do expediente normal, das aulas normais, ficamos na sala de estudos
do PII tirando o atraso das disciplinas. Ele explicava muito melhor
que os professores. No último dia das explicações, com as equações
todas compreendidas em minha cabeça me deu uma aula de cosmologia e
astronomia falando sobre os mistérios do espaço sideral.
O Sol é
um milhão de vezes maior que a Terra. Júpiter trezentas vezes maior
que a Terra. Nossa galáxia, a via-láctea, tem cem milhões de
estrelas, o Sol é só uma delas... Entretanto, o mais
estonteante, a estrela mais próxima do nosso Sol, Alpha Centauri,
esta a míseros quatro anos-luz daqui. E Finalizando, existem pelo
menos 100 milhões de GALÀXIAS iguais, menores ou maiores que a
nossa via-lactea!! CARACA!!
A probabilidade de haver vida
extraterrestre é muito grande. Na verdade, considerando haver vida
na Terra, é impossível que não haja em outros lugares... Muito
bonito e inspirador. Quem sabe numa próxima encarnação eu não
possa ser aeromoça de nave estelar. Na época, na TV fazia sucesso a
série Star Trek que tratava justamente do que estou falando: viagens
interplanetárias.
Nada podia me impedir de sonhar. Paulinho
impressionou meu coração pelas ideias que plantou.
No sábado, no trampo do telequete, tentaram implantar uma moda
americana onde moças lutavam na lama. O pagamento era bom. Fiquei
pensativa se lutava ou não... ganharia o triplo do que já ganhava,
perdendo ou ganhando. A tal lama não era lama de verdade mas sim uma química inerte que além de tudo hidrataria minha pele de pêssego.
Umas lutadoras de determinada academia se apresentaram para nos dar
treinamento. A coisa estava nesse pé, eu pensativa se aceitava ou
não quando observei dentre as atletas dessa outra academia ninguém
menos que Clarice, a baixinha folgada. PRONTO! Era o estimulo que
precisava... Agora eu queria baixar a porrada nela, principalmente
porque estava eu de máscara, fazia parte de minha indumentária
normal... TOPEI na hora! A diferença de altura podia me atrapalhar
MAS ai verifiquei que não havia muito isso na luta na lama. Desafiei
a baixinha, a aeromoça de teco-teco (apelido que lhe dei em minha
cabeça) e ela topou! A primeira luta ocorreu e pude estudar os
movimentos das atletas.
Curso relâmpago! Era mais um balé sensual
MAS eu ia mesmo lhe baixar a porrada! Nossa vez chega. Tocam o gongo
e lá vamos nós. Quando ela me viu cara a cara acho que
desconfiou. Talvez meus movimentos tenham me denunciado. Na hora H,
no meio da luta, depois de já termos caído algumas vezes e estarmos
plenamente besuntadas de lama com as calcinhas atochadas no rego eu –
de sacanagem- tirei minha máscara e ela quis fugir MAS não deixei..
Peguei pelos cabelos, estrangulei, a fiz pedir arrego... Minha
Glória!!
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