Com Orlando Marcos eu aprendi o conceito de grude. No dia seguinte,
apesar de minhas acertivas de nada mais querer com ele nem com os
rachas, ele foi lá em casa no Meyer. Ele certamente ainda estava de
olho em pelo menos uma determinada racha, a minha, creio eu... Se
apresentou a papai e mamãe, ajudou a carregar a caminhoneta de
embutidos, enfim, bancou o papel de bom moço. Ele não era má
pessoa mas o susto me modificou. No afã de realizar as coisas sérias
da vida começei a repensar uma estratégia para fazer meu curso de
aeromoça.
Estava no fim do segundo ano no PII. Ano seguinte, com 18
anos, deveria me matricular no curso, mas como? Precisava arranjar um
emprego durante aquelas férias. Não havia Shoppings Centers nos
anos sessenta. Mas eu poderia aproveitar-me de ser fim de ano e as
lojas contratarem temporários. Caso eu me adaptasse bem na loja
ganharia o emprego durante o ano seguinte. Tudo que precisava era
sustentar seis meses de curso! As lojas estavam concentradas no
centro da cidade MAS o comércio do Meyer também era relativamente
forte. O que fazer?? Orlando me mostrou uma outra alternativa melhor,
mais arrojada, mais de acordo com minhas potencialidades. Nessa época
o telequete estava na moda. O telequete dos anos sessenta era com os
UFC de hoje, só que os salários eram mixurucas.
A exibição dessas
lutas (fake) pela TV – grande moda nos EEUU- iniciava no Brasil.
Orlando conhecia uns produtores do evento lá na TV Tupi. Moças
bonitas, aquelas que desfilam com os cartazes informativos entre as
lutas, eram relativamente bem remuneradas.
Elas recebiam por semana o
que um emprego comum pagava mensal. Além disso, trabalhavam só nos
fins de semana (weekends), ora como não precisava de um emprego de
futuro mas sim uma fonte de recursos por seis meses, caiu como uma
luva.. Só precisava da aprovação de papai e mamãe. Sábado
próximo ocorreria um evento desses no estúdio da TV Tupi. Orlando
tinha uns ingressos e iríamos a família toda assistir para sondar se
o ambiente era propício para uma moça de família. Ou vocês
pensam, que eu não era uma moça de família?
Sábado a famiglia toda reunida para assistir uma luta onde
Ted Boy Marino encarava o Rino.
Sondando com a equipe ao redor do evento papai confirmou que era
um tipo de teatro. O ambiente era tranquilo, eram profissionais do
ramo, não havia drogas nem libertinagen (Droga!), enfim, tive seu
aval.
Segunda-feira após as aulas, a noite, fui fazer uma entrevista
com um dos produtores do evento. Orlando foi comigo. Pediram que eu
vestisse um shortinho e desfilasse ali mesmo na sala da entrevista.
Deu para perceber os olhos de Orlando saltando num mixto de excitação
e ciúme. Outros presentes só de excitação.
ESTAVA empregada,
ganharia em fins de semana o que uma vendedora comum ganharia
ralando todo dia: ÓTIMO! Estreei na semana seguinte, trabalho
moleza, bastava sorrir, andar chamativamente e carregar a tabuleta...
Orlando só de olho. Depois da minha estréia saímos para jantar, eu
e Orlando. Olho no olho, olho na mão, mão na mão, mão na boca,
boca na boca e a noite seguiu quente no restaurante mesmo. Saímos na
direção da estrada do Joá, na época estrada praticamente
abandonada. Lá ocorreu o fabuloso coisa na coisa pela segunda
vez na minha vida. Foi um pouco diferente, mais rápido... Ele sorria
feliz mas eu fiquei com a sensação de quero mais... Porque será??
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