quinta-feira, 5 de abril de 2012

Nascimento não! Estréia!




Depois de alguns anos casados e vários filhos, a vida de criador de ratos chegou ao fim porque a prefeitura descobriu o engodo. Papai e mamãe tiveram que resolver as pendengas materiais por outra forma. Após várias tentativas finalmente caiu a ficha e eles perceberam que precisavam trabalhar... Papai foi trabalhar em um açougue. Seu patrão, sabedor da tradição calabreza em embutidos, lhe deu a tarefa de entregar em casa o que era pedido pelo telefone.. Foram anos levando linguiça! Papai não era muito chegado a isso e quando mamãe dizia que poderia substitui-lo alegremente nessa nobre função, ele esbravejava: Mulher minha não lava roupa para fora nem trabalha! Eu levo linguiça lá fora para que vocês todos (ela e meus irmãos) tenham o que comer aqui dentro! Dizia num misto de tristeza e orgulho. Existem certas coisas que parecem se repetir de geração em geração... Vovô levava fumo na Calábria e papai levava linguiça no Rio de Janeiro. A maré estava assim quando meu irmão mais velho, revelou-se um talentoso vendedor. Ele ia de porta em porta oferecer as linguiças que papai de vez em quando trazia de sobra do trabalho. Não é que o moleque era esperto!
           Aqui temos uma rara foto de meu irmão mais velho quando criança.

Aqui uma foto dele ao arranjar seu primeiro emprego de carteira assinada. Ao menos dentes agora ele tinha...

   Papai ao ver a oportunidade avançada pela iniciativa de meu irmão inicia nosso negocio familiar de levar linguiça a domicilio. Nossas primeiras clientes eram donas de casa atarefadas e entediadas, era então o pós-guerra e muitos pracinhas não retornaram para as casas. Mais tarde, quando Papai ampliou os negócios para as carnes mamãe foi chamada a colaborar e ia entregar chuleta, maminha e (meio a contragosto) até lombo a domicilio. “Todos precisamos nos sacrificar”, dizia papai austero. Como resultado disso nós prosperamos, papai pôde contratar empregados, seus filhos puderam estudar e a família continuava unida porque, dizia papai: “família que leva linguiça unida permanece unida”! Foi nesse ambiente acolhedor que nasci como temporã, aliás, nasci não, ESTREIEI! Em outubro de 1950 brota no mundo a queridinha aqui! A única menina de sete irmãos, a caçulinha... Da geração Baby Boom, no meu caso, Baby Boomboom porque o meu era (é) lindo!
 

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