Depois
de alguns anos casados e vários filhos, a vida de criador de ratos
chegou ao fim porque a prefeitura descobriu o engodo. Papai e mamãe
tiveram que resolver as pendengas materiais por outra forma. Após
várias tentativas finalmente caiu a ficha e eles perceberam que
precisavam trabalhar... Papai foi trabalhar em um açougue. Seu
patrão, sabedor da tradição calabreza em embutidos, lhe deu a
tarefa de entregar em casa o que era pedido pelo telefone.. Foram
anos levando linguiça! Papai não era muito chegado a isso e quando
mamãe dizia que poderia substitui-lo alegremente nessa nobre
função, ele esbravejava: Mulher minha não lava roupa para fora nem
trabalha! Eu levo linguiça lá fora para que vocês todos (ela e
meus irmãos) tenham o que comer aqui dentro! Dizia num misto de
tristeza e orgulho. Existem certas coisas que parecem se repetir de
geração em geração... Vovô levava fumo na Calábria e papai
levava linguiça no Rio de Janeiro. A maré estava assim quando meu
irmão mais velho, revelou-se um talentoso vendedor. Ele ia de porta
em porta oferecer as linguiças que papai de vez em quando trazia de
sobra do trabalho. Não é que o moleque era esperto!
Aqui
temos uma rara foto de meu irmão mais velho quando criança.
Aqui
uma foto dele ao arranjar seu primeiro emprego de carteira assinada.
Ao menos dentes agora ele tinha...
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