Minha
doce vida principiou-se nas serras do Espírito Santo, na região de
Santa Maria. Região especializada no plantio de uva e na cossação
do saco alheio.
Meus pais
se conheceram num dos muitos bailes da cidade patrocinado pelos
Pomeranos, outra cultura europeia importada para o local.
Mas a
história mesma começou com meu avô e minha avó. Ele oriundo da
Calábria, terra da calabresa e dos embutidos de duplo sentido aos
quais eram todos viciados, ao ponto de os carregarem nos bolsos da
frente das calças largas para eventualidades (não havia sido
inventado ainda o viagra). Operário padrão da Máfia local, Vovô
desde cedo conheceu as agruras da vida entregando na cidade-grande os
frutos da plantação de tabaco da famíglia...
Depois de quinze anos levando fumo, vovô decidiu-se fugir de lá as
pressas por conta da primeira grande guerra. Quis ir para os Estados
Unidos, mas o desgraçado dormiu nos dias em que o navio passava pela
América do norte e acabou descendo na Bahia, onde sua preguiça foi
considerada virtude padrão. Meses depois, por meio de peripécias
magistrais, foi adentrando o sertão até chegar ao Espírito Santo e
na serra de Santa Maria.
Minha
querida avó veio da Galícia. Ah Galícia... Terra das mulheres
mais generosas da Europa... Vovó foi a mais generosa das generosas,
desde os sete anos vovó já perambulava de cama em cama distribuindo
o que tinha de melhor, o que escandalizou a tradicional sociedade
Galega, ao ponto de, aos quinze anos, eles a porem no primeiro navio
em direção para qualquer lugar, atitude aplaudida de pé pelos
carentes marinheiros locais. Nessa viagem vovó adquiriu um know-how
que - creio eu – passou para toda a sua geração vindoura via
DNA... Ela nunca mais sentou pelo resto de sua vida!
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