quarta-feira, 4 de abril de 2012

O Inicio de minha doce vida - Parte 3





Papai quando ficou rapazinho teve muita dificuldade em ter aprovação de vovó e vovô pelas namoradas que arranjava... Não era por maldade. Era porque a probabilidade de serem parentes era quase cem por cento, mesmo nas cidades vizinhas. Ao descobrir isso Papai achou a solução mudando-se para o Rio de Janeiro, capital do Brasil na época. Havia então uma iniciativa da prefeitura local em combater a peste bubônica transmitida pelos ratos. Como custear caça aos ratos saia caro, a prefeitura decidiu engajar a população nessa luta comprando os ratos que as pessoas caçavam. Resultado? Papai viu sua grande oportunidade e passou a criar ratos para vender para a prefeitura! Ele sempre foi um empreendedor, um homem de visão!

 Foi em meio a esta maré de boa sorte que ele conheceu mamãe. Vinda da Bahia, dona Gabriela só não era de fechar o transito porque não havia transito na época. Embora tivesse só 18 anos, já era separada de seu marido, um turco grosseirão dono de botequim la em Ilhéus. Certa feita, seu ex-marido quis saber porque ela não era feliz com ele, no que ele a autoriza a buscar a psicanálise. O Analista disse que para ter orgasmos satisfatórios ela precisava elaborar uma fantasia que envolvesse emocionalmente ela e seu marido. O Turco então quis saber qual a fantasia e Gabriela explicou que era de transar com ele vestido de sultão numa tenda luxuosa em meio ao deserto cheio de camelos e escravos... O Turco não se fez de rogado, alugou uma praia deserta, comprou uma tenda luxuosa, decorou com almofadas de cetim, comprou roupas de odalisca para ela, de Sultão para ele e contratou um ator negro para representar o papel do escravo para ficar na tenda abanando o casal. Na data firmada estão lá os dois, ele de sultão, ela de odalisca, as almofadas, o escravo com vestimenta a rigor de rosto apático abanando lenta e compassadamente o leque gigante de pena de avestruz. 

O turco introduz e NADA.. ela nem dá um gemido... Ele resfolega e nada, ela caladinha. O turco olha tudo buscando que erro há no quadro da fantasia... Nota a expressão vazia do “escravo” e como ele abana devagar e diz autoritário:
Vamos fazer o seguinte -diz ele ao ator- vamos mudar de lugar!
O ator retruca: tem certeza senhor?
Quem manda sou eu! Vista minha roupa de sultão! Me dê seu abanador!
Sim, senhor!
O negão parte pra cima da Gabriela vestido de sultão, ela dá um gemido curto, ele começa, ela geme mais alto, ele persiste e ela: ISSO! ISSO! ISSO! Vai! Não para! Enquanto o turco abana velozmente o leque gritando a todo pulmão: Tá vendo seu idiota é assim que se abana porra!! Você tava abanando errado!
Só o turco não percebeu que ele era o problema dela e dai em diante Gabriela não pôde mais ficar casada. Mudou-se para o Rio e conheceu meu pai que herdara o hábito de vovô de carregar embutidos nas calças. O romance foi fulminante. Nove meses depois a história se repetiu e os dois casaram com meu irmão mais velho no bucho de mamãe e a espingarda do delegado nas costas de papai, Cést la vie!!

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