Papai
quando ficou rapazinho teve muita dificuldade em ter aprovação de
vovó e vovô pelas namoradas que arranjava... Não era por maldade.
Era porque a probabilidade de serem parentes era quase cem por cento,
mesmo nas cidades vizinhas. Ao descobrir isso Papai achou a solução
mudando-se para o Rio de Janeiro, capital do Brasil na época. Havia
então uma iniciativa da prefeitura local em combater a peste
bubônica transmitida pelos ratos. Como custear caça aos ratos saia
caro, a prefeitura decidiu engajar a população nessa luta comprando
os ratos que as pessoas caçavam. Resultado? Papai viu sua grande
oportunidade e passou a criar ratos para vender para a prefeitura!
Ele sempre foi um empreendedor, um homem de visão!
Foi em meio a
esta maré de boa sorte que ele conheceu mamãe. Vinda da Bahia, dona
Gabriela só não era de fechar o transito porque não havia transito
na época. Embora tivesse só 18 anos, já era separada de seu
marido, um turco grosseirão dono de botequim la em Ilhéus. Certa
feita, seu ex-marido quis saber porque ela não era feliz com ele, no
que ele a autoriza a buscar a psicanálise. O Analista disse que para
ter orgasmos satisfatórios ela precisava elaborar uma fantasia que
envolvesse emocionalmente ela e seu marido. O Turco então quis saber
qual a fantasia e Gabriela explicou que era de transar com ele
vestido de sultão numa tenda luxuosa em meio ao deserto cheio de
camelos e escravos... O Turco não se fez de rogado, alugou uma praia
deserta, comprou uma tenda luxuosa, decorou com almofadas de cetim,
comprou roupas de odalisca para ela, de Sultão para ele e contratou
um ator negro para representar o papel do escravo para ficar na tenda
abanando o casal. Na data firmada estão lá os dois, ele de sultão,
ela de odalisca, as almofadas, o escravo com vestimenta a rigor de
rosto apático abanando lenta e compassadamente o leque gigante de
pena de avestruz.
O turco introduz e NADA.. ela nem dá um gemido...
Ele resfolega e nada, ela caladinha. O turco olha tudo buscando que
erro há no quadro da fantasia... Nota a expressão vazia do
“escravo” e como ele abana devagar e diz autoritário:
Vamos
fazer o seguinte -diz ele ao ator- vamos mudar de lugar!
O ator
retruca: tem certeza senhor?
Quem
manda sou eu! Vista minha roupa de sultão! Me dê seu abanador!
Sim,
senhor!
O negão
parte pra cima da Gabriela vestido de sultão, ela dá um gemido
curto, ele começa, ela geme mais alto, ele persiste e ela: ISSO!
ISSO! ISSO! Vai! Não para! Enquanto o turco abana velozmente o
leque gritando a todo pulmão: Tá vendo seu idiota é assim que se
abana porra!! Você tava abanando errado!
Só o
turco não percebeu que ele era o problema dela e dai em diante
Gabriela não pôde mais ficar casada. Mudou-se para o Rio e conheceu
meu pai que herdara o hábito de vovô de carregar embutidos nas
calças. O romance foi fulminante. Nove meses depois a história se
repetiu e os dois casaram com meu irmão mais velho no bucho de mamãe
e a espingarda do delegado nas costas de papai, Cést la vie!!
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