sábado, 7 de abril de 2012

Picardias infantis - Parte 2


Aos seis anos, finalmente, me matricularam na escola. Como papai era pão duro me pôs numa escola pública. Eu tive assim oportunidade de conviver com muitos tipos diferentes de crianças e exercitar meus talentos naturais. Fiz muitos amiguinhos, tinha o Flávio, a Jussara que virou juju, a Lourdes que virou lulu, a Ritinha, a Sônia. Minha trupe era inseparável. Juntos aprendemos a ler, escrever e bolar picardias uns com os outros MAS não éramos ciumentos e de vez em quando aprontávamos com estranhos também.

Escola pública - Minha turma anos 50

Nossa professora, ao se referir a cada trabalho ou exercício que fazíamos, sempre relatava que o resultado da outra turma era melhor. Com isso ela criou uma certa rivalidade entre a minha turma, a 101, e a turma do corredor de frente, a 102. 

Primeira professora - Dona Marocas
A professora se aproveitava desta rivalidade para nos impulsionar ao estudo, mas essa rivalidade artificial era estressante. Ocorreu contudo que certa vez um menino da 102 nos contou que sua professora fazia a mesma coisa, ou seja, era uma estratégia entre as professoras que, na verdade, eram grandes amigas e fingiam-se rivais para nos estimular... DESGRAÇADAS! Começamos a maquinar nossa vingança! Eu então -na hora do recreio- dei a sentença: Se elas eram amigas deveríamos estragar aquela amizade! Iniciamos nosso plano de vingança. Flavinho descobriu que ambas namoravam dois irmãos gêmeos, Oliva e Olavo, ambos eram muito parecidos e faziam questão de usar as mesmas roupas sempre. 

Oliva & Olavo afinando a viola
Juju contou pra gente que a mãe dela sempre dizia que todo homem adora namorar qualquer mulher, se der mole eles papam (na época achei esquisito isso de papar...). Lourdes desconfiou que as duas sabiam disso e se faziam de rogadas para poder variar um pouco... Fazia sentido e hoje entendo que elas já eram chegadas a um Swing, o que era moralmente perturbador para um ambiente de escola pública em 1956... Surgiu aqui nosso meio de plantar a discórdia => Mostrar a diretora da escola que elas influenciavam perversamente nossa referência de relacionamento. Mas como fazer isso? Uma idéia brotou de minha cabeça: IMITAÇÃO! Eu havia aprendido com o Oswaldinho rudimentos da arte de beijar na boca, ensinei ao Flávio e dai nos convertemos em instrutores de beijo na boca, a partir daquele dia, na hora do recreio, nós púnhamos os meninos e meninas em fila e íamos beijando e ensinando cada um (tirando os cabaços das boquinhas virgens – BV), o Flávio com as meninas e eu com os meninos (depois o Flávio quis mudar de fila mas eu não deixei...).


Eu e Flavinho
 Fizemos assim um dia no recreio na minha turma e no dia seguinte convencemos a 102 a participar (na verdade eles ficaram excitados de olho na nossa performance do dia anterior e praticamente imploraram para que fizéssemos o mesmo com eles). Treinamento concluído, fizemos máscaras iguais e distribuímos as turmas em duplo casal com os meninos usando as máscaras iguais. Na hora certa nos espalhamos pelos corredores da escola, e na mesma hora exata começamos a tarefa de nos beijarmos intercaladamente revertendo os meninos. Nossa intelectualzinha de plantão, a Sônia, alertou que se somente um duplo casal procedesse assim, seria chamado a atenção dele e pareceria um caso isolado, mas se TODOS meninos e meninas se envolvessem não haveria como nos culpar e advertir e pareceria ser uma contaminação em massa... Eita menina precoce!! 

Treinamento acirrado
Assim procedemos e foi um escândalo; cada faxineiro, cada professora, cada pedagoga que via o ocorrido nos pegava pelo braço e nos levava até a sala da diretora, pensando ser um único caso, contudo, o corredor a caminho da sala da diretora já estava repleto de outras crianças trazidas, uma balburdia, a ponto da diretora ter de mandar calar a boca e entrar aos poucos para que explicassemos porque fazíamos isso, no que todos passaram a relatar as peripécias das professoras que chamadas a se explicar caíram em contradição... Elas ganharam uma advertência e uma suspensão, enquanto nós, os coitadinhos, ganhamos uma semana de férias para esquecer o “trauma” (?). Comemoramos o sucesso de nossa vingança no aniversário da Ritinha que ocorreu durante essas férias forçadas. Adivinha o que ficamos fazendo??

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