sábado, 28 de abril de 2012

Maioridade => A vida finalmente!




Eu sabia que iria sentir falta da Sempre Livre Fm. Sabia que iria sentir falta do ambiente do DCE do PII. Sabia que iria sentir falta dos professores, do colégio, dos colegas. Até do curso de comissária eu sentiria falta, ENTRETANTO, a vida avança... No final de 1968 me formei conjuntamente no meu científico do PII e era uma comissária de bordo aprovada pela ANAC. 

Curriculo pronto, sendo enviado pelo correio às diversas empresas do país e até do exterior. Meus olhos brilhavam. Orlando Marcos pirou na batatinha ao imaginar-me livre, leve e solta voando pelo mundo. Enquanto estava cursando tudo bem na cabeça dele, mas com a formatura o cara caiu numa espiral de ciúme que me forçou – meio a contragosto – romper com o namoro. Ele ficou desesperado. Passou a participar de uns rachas mais perigosos envolvendo apostas e gangs da pesada, assumindo o papel de badboy e etc. Fazendo questão de me relatar os casos um a um pelo telefone que eu ainda atendia. Não adiantou nada a chantagem emocional. Simplesmente parei de atender seus telefonemas. Ele que se dane! A vida segue. Percebi então que se queria ser aeromoça não poderia ter compromisso com ninguém, pelo menos no inicio de minha carreira.

Meu sonho era integrar uma tripulação de um Boeyng 707, o mais moderno da época.

 Enquanto meus curriculos não surtiam efeito eu ia levando a vida durante a semana principalmente me dedicando mais aos cursos de Inglês e Francês enquanto persistia no trampo de fim de semana. Já tinha acumulado uma boa poupança e decidi comprar a minha primeira Lambreta. 

Na loja de Lambretas adivinha quem era o vendedor? Depois de muitos anos sem contato descobri que o Flavinho havia se tornado vendedor de Lambretas... Muitos abraços e beijnhos.. Ele estava ótimo! MAGÉRRIMO, vendia lambretas durante a semana e as noites participava do ensaio de sua banda que (depois descobri) iria estabelecer o conceito do qual derivaria nos anos setenta o grupo “Secos e Molhados”. Ele era o próprio Sangue Latino em pulsação. 

Uma moça de lambreta desperta muito interesse nos homens. Acho que eles fantasiavam muito que ela lhes desse uma carona..... Porque será? Isso me deu uma ideia: Quem recusaria receber carona de uma bela moça em sua Lambreta? E se eu oferecesse esse serviço duplo de transporte e realização de fantasias? Pus anuncio no jornal: Bela Moça oferece serviço de transporte alternativo em sua Lambreta. MOTO-TAXI a domicílio. 5 Cr$/km.

 Antes de o anuncio fazer efeito eu fui divulgar a iniciativa empreendedora entre os alunos e professores do meu antigo colégio. Por mais estranhamente que possa parecer o professor de filosofia foi logo o primeiro a requerer meu serviço. Alegou que tinha medo incontrolável de moto e só teria segurança se se segurasse MUITO BEM na piloto.... Até entendi... Saímos da entrada do PII e ele agarrado nas minhas costas com um sorrisão na cara que pude observar pelo retrovisor. Descemos a rua São Cristóvão até a Francisco Bicalho. Fomos até a praça da bandeira, contornamos (olhei de novo no retrovisor e sua língua estava para fora e os olhos giravam nas órbitas), entramos numa sequência de ruas cheias de quebra-molas ele pediu que eu acelerasse mais ainda nessa rua e pude acompanhar seu corpo em espasmos. Ficou ali mesmo, no final... Desceu feliz e (acho eu) com as calças meladas... Pagou 90 Cr$!, cinco vezes mais caro que um taxi, mas disse que se tornaria cliente fixo... Ainda bem que naquela época professores ganhavam bem... Se fosse hoje em dia ele teria era de ir a pé de São Cristóvão até o Rio Comprido e bater punheta depois....

Minha iniciativa fez muito sucesso. Havia uma fila na porta do PII onde ansiosos esperavam pelo meu retorno e pela própria vez. Havia uns que pagavam não para ir do ponto A ao ponto B mas sim do ponto A ao próprio ponto A, ou seja, só para dar uma gira... “O freques tem sempre razão” - dizia meu pai. Essa empreitada me permitiu pagar as primeiras prestações da Lambreta.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Deslumbres da Juventude => Parte Três



No curso para comissária de bordo, depois de muitas simulações em terra onde o instrutor abusava de se esfregar em nossa rotundas anatomias, finalmente, após algumas aulas de vôo, nós íamos saltar de paraquedas. Esse é um momento em que sempre brota um friozinho na barriga... Em que sempre os esfincteres ficam mais fechados que o normal... 

Toda a minha turma de trinta alunos saltaria. Voavamos num Hércules quase aposentado da segunda guerra. Medo duplo... Pelo menos tinhamos paraquedas, pensei eu. 

Lá no alto as reações se dividiam e alguns desistiram de pular. REPROVADOS no teste! Agora só no próximo semestre... 

Confesso que me caguei toda. Mas ai me lembrei dos exemplos de meu pai, de meu avô, de minha avó e etc em seus momentos cruciais da vida mostrando coragem e encarando. Minha vó, tadinha, vindo da galícia, encarando os marinheiros nos mais diversos angulos. Meu Avô levando fumo direto la na Calabria e papai levando linguiça direto no Rio de Janeiro para dar conforto a família. Essa era a minha chance de mostrar minha stamina, meu brio, e que, embora não tivesse, eu tinha “culhões”. Na hora H=> TALLY HOO !!!!! E lá fui eu de salto para o ar... UAUU!! Que sensação de liberdade!! O paraquedas parecia normal. Eu demorei a puxar a cordinha. Quis sentir mais a velocidade do ar contra o rosto... 

Clarice, a baixinha folgada pulou junto comigo. Depois descobri que aquele não era seu primeiro salto. Lá embaixo havia um alvo. Quanto mais próximo do alvo maior a pontuação do salto. A desgraçada sabia exatamente o que fazer. O seu major/amante já havia antecipado seu treinamento. Ela se esqueirava direcionando-se certeiramente ao alvo enquanto eu fazia do jeito que podia... Nos instantes finais um golpe de sorte e uma lufada de ar inesperada tira Clarice da direção central do alvo e me põe no lugar.. NA MOSCA!!! Pontuação máxima e eu estava finalmente na frente dela... Mês que vem seria minha formatura e com a minha ficha quase perfeita um vôo internacional me esperava, pelo menos assim pensei... Ela ficou roxa de raiva...
No PII o fim de ano se aproximava e algumas notas minhas estavam nada boas. Pedi ajuda ao Orlando MAS ele não era bom em matemática nem em quimica, minhas maiores dificuldades. Mato sem cachorro. Precisei pôr anuncio no balcão da escola procurando explicador local. Um nerd doidão apareceu. Paulinho era magro como um bambu. Óculos fundo de garrafa. Uma napa de nariz onde dava para pendurar toalha. Espinhas a dar com pau... MAS em compensação boa voz, boa dicção e sabedor do que eu precisava. Durante quatro noites, depois do expediente normal, das aulas normais, ficamos na sala de estudos do PII tirando o atraso das disciplinas. Ele explicava muito melhor que os professores. No último dia das explicações, com as equações todas compreendidas em minha cabeça me deu uma aula de cosmologia e astronomia falando sobre os mistérios do espaço sideral.

 O Sol é um milhão de vezes maior que a Terra. Júpiter trezentas vezes maior que a Terra. Nossa galáxia, a via-láctea, tem cem milhões de estrelas, o Sol é só uma delas... Entretanto, o mais estonteante, a estrela mais próxima do nosso Sol, Alpha Centauri, esta a míseros quatro anos-luz daqui. E Finalizando, existem pelo menos 100 milhões de GALÀXIAS iguais, menores ou maiores que a nossa via-lactea!! CARACA!! 

A probabilidade de haver vida extraterrestre é muito grande. Na verdade, considerando haver vida na Terra, é impossível que não haja em outros lugares... Muito bonito e inspirador. Quem sabe numa próxima encarnação eu não possa ser aeromoça de nave estelar. Na época, na TV fazia sucesso a série Star Trek que tratava justamente do que estou falando: viagens interplanetárias. 

Nada podia me impedir de sonhar. Paulinho impressionou meu coração pelas ideias que plantou.

No sábado, no trampo do telequete, tentaram implantar uma moda americana onde moças lutavam na lama. O pagamento era bom. Fiquei pensativa se lutava ou não... ganharia o triplo do que já ganhava, perdendo ou ganhando. A tal lama não era lama de verdade mas sim uma química inerte que além de tudo hidrataria minha pele de pêssego.

 Umas lutadoras de determinada academia se apresentaram para nos dar treinamento. A coisa estava nesse pé, eu pensativa se aceitava ou não quando observei dentre as atletas dessa outra academia ninguém menos que Clarice, a baixinha folgada. PRONTO! Era o estimulo que precisava... Agora eu queria baixar a porrada nela, principalmente porque estava eu de máscara, fazia parte de minha indumentária normal... TOPEI na hora! A diferença de altura podia me atrapalhar MAS ai verifiquei que não havia muito isso na luta na lama. Desafiei a baixinha, a aeromoça de teco-teco (apelido que lhe dei em minha cabeça) e ela topou! A primeira luta ocorreu e pude estudar os movimentos das atletas.

 Curso relâmpago! Era mais um balé sensual MAS eu ia mesmo lhe baixar a porrada! Nossa vez chega. Tocam o gongo e lá vamos nós. Quando ela me viu cara a cara acho que desconfiou. Talvez meus movimentos tenham me denunciado. Na hora H, no meio da luta, depois de já termos caído algumas vezes e estarmos plenamente besuntadas de lama com as calcinhas atochadas no rego eu – de sacanagem- tirei minha máscara e ela quis fugir MAS não deixei.. Peguei pelos cabelos, estrangulei, a fiz pedir arrego... Minha Glória!!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Deslumbres da juventude => Parte 2


Com o sucesso da coluna de tira-dúvidas sobre sexo da Donnatella e as tendências da época em valorizar as lutas feministas, a Sempre Livre FM passou a apresentar um programa intitulado “O machismo é o Show”. Neste programa que ia ao ar as terças e quintas a Donattella escancarava de ridicularizar certas posturas masculinas. 

Logo no programa de estréia, que me lembre de memória, foram tantos telefonemas de apoio a causa... vejam só:
Hoje telespectadores apresentaremos uma coletãnia de verdades que ilustram o nosso O machismo é o Show!!! estava declarada a  Guerra dos sexos
1. Como se chama um homem inteligente, sensível e bonito?
R.: Boato. (começou auhauhauah)
2. O que deve fazer uma mulher quando seu marido corre em zigue-zague pelo jardim?
R.: Continuar a atirar. (rs)
3. Por que os homens não têm período de crise na idade madura?
R.: Porque nunca saem da puberdade. (Absolutamente verdade!!!)
4. Qual é o ponto comum entre os homens que freqüentam bares para solteiros?
R.: Todos eles são casados. (verdade tambem)
5. Como um homem chama o amor verdadeiro?
R.: Ereção. (FATO!!!)
6. Por que as mulheres não querem mais se casar?
R.: Porque não é justo… Imagine, por causa de 100 gramas de linguiça ter que levar o porco inteiro. (SHOW!!! SHOW!!! Adoramos!! kkkk)
7. Qual a semelhança entre o homem e o microondas?
R.: Aquecem em 15 segundos. (Boa…ahuuhauah)
8. Qual a semelhança entre o homem e o caracol?
R.: Ambos têm chifres, babam e se arrastam. E ainda pensam que a casa é deles. (nossa!!!!!)
9. Por que não existe um homem inteligente, sensível e bonito ao mesmo tempo?
R.: Porque seria mulher. (hehehe)
10. Quando um homem mostra que tem planos para o futuro?
R.: Quando ele compra 2 caixas de cerveja. (Putz, perfeita!!!)
11. Por que mulheres casadas são mais gordas do que as solteiras?
R.: A solteira chega em casa, vê o que tem na geladeira e vai pra cama, a casada vê o que tem na cama e vai pra geladeira. (Esta é ótima!!!)
12. Como se chama uma mulher que sabe onde seu marido está todas as noites?
R.: Viúva. (Dezzzzzzzzzzzzzzzz)
13. O que disse Deus depois de criar o homem?
R.: Tenho que ser capaz de fazer coisa melhor. (viu?)
14. O que disse Deus depois de criar a mulher?
R.: A prática traz a perfeição…(aeeeeeeeee !!!!!!!)
E para finalizar, com chave de ouro….
No cérebro de um homem havia um neurônio sozinho. Um dia, um outro neurônio passa por lá meio apressado. O neurônio solitário diz:
- Olá! Tudo bem? Como vai? Prazer em vê-lo! Vamos conversar!
O neurônio que passeava pelo cérebro estranha a hospitalidade e responde:
- Olá, companheiro! Posso saber o motivo de tanta felicidade ao me ver?
- Quer saber? Você é o primeiro neurônio que vejo passar por aqui depois de décadas… estou sozinho há tanto tempo nesse maldito cérebro…
- Mas espera aí… há quanto tempo você está aqui solitário?
- Bem… desde sempre… sempre estive aqui…
- Cara, mas você é burro mesmo!!! Desce pro pinto… tá todo mundo lá…!!!
kkkkkk ( racheei) .

Embora o programa tivesse sido um sucesso e mesmo mitos rapazes tivessem gostado, como direito de réplica o pessoal do DCE comum, representando os homens de uma forma geral, puderam democraticamente apresentar a versão masculina:

Agora é a vez dos homens!!
MULHERES - Dirigimos melhor…
RESPOSTA DOS HOMENS - Melhor que cegos!
MULHERES - Não ficamos carecas…
RESPOSTA DOS HOMENS - Se cabelo fosse bom não nascia embaixo do braço.
MULHERES - Temos um dia internacional…
RESPOSTA DOS HOMENS - Os outros 364 são nossos!
MULHERES - Temos prioridade em botes salva-vidas…
RESPOSTA DOS HOMENS - Nós sabemos nadar!
MULHERES - Uma greve de sexo consegue qualquer coisa…
RESPOSTA DOS HOMENS - Inclusive um par de chifre!
MULHERES - Somos os primeiros reféns a serem libertados…
RESPOSTA DOS HOMENS - Porque nem sequestradores aguentam vocês!
MULHERES - A idade não atrapalha nosso desempenho sexual…
RESPOSTA DOS HOMENS - Mas atrapalha pra arrumar parceiro sexual!
MULHERES - Somos nós que somos carregadas na noite de núpcias…
RESPOSTA DOS HOMENS - Caso contrário vocês podem se perder!
MULHERES - Se somos traídas, somos vítimas; se traímos, eles são cornos…
RESPOSTA DOS HOMENS - Se somos traídos elas são putas, se traímos somos garanhões!
MULHERES - Somos capazes de prestar atenção a várias coisas ao mesmo tempo…
RESPOSTA DOS HOMENS - Mas incapazes de executar ao menos uma completa de cada vez!
MULHERES - 98% da indústria de cosméticos e 89% da indústria da moda são voltadas pra nós…
RESPOSTA DOS HOMENS - 98% da indústria de cerveja e 89% da indústria automobilística são voltadas para nós!
MULHERES - 99% dos homens não cuidam da aparência pessoal…
RESPOSTA DOS HOMENS - 99% da beleza feminina sai com água e sabão!
MULHERES - Não nos desesperamos em frente a um campo de grama com 1 bola e 22 mulheres…
RESPOSTA DOS HOMENS - Nós não nos desesperamos frente ao pedal da embreagem!
MULHERES - Fazemos tudo o que um homem faz, e de salto alto!…
RESPOSTA DOS HOMENS - Quero ver mijar em pé!
MULHERES - Podemos dormir com nossas amigas sem sermos chamadas de lésbicas…RESPOSTA DOS HOMENS - Podemos dormir com suas amigas que elas não contam pra vocês!


O debate foi caloroso e por todo PII as discussões corriam acirradas. Era uma época libertária do ponto de vista das discussões sobre sexo (embora travado do ponto de vista politico). Alguns diziam que esta era uma válvula de escape arquitetada pela ditadura, tal como o uso de drogas. Alguns do DCE diziam que uma juventude drogada era uma juventude que não lutava por um mundo melhor... Tem alguma razão nisso...

No curso de aeromoça era semana de provas. As provas eram muito extenuantes e as matérias estavam ficando cada vez mais densas. Eu consegui manter-me na média 9.0 Mas a danada da Clarice ficou com 9,5 graças a uma trapaça que depois eu descobri. Nossos instrutores, de uma forma geral eram muito sérios e compenetrados, entretanto havia um Major da força aérea, instrutor de salto de paraquedas, que as vezes abusava de ter de nos vestir o paraquedas para esfregar as mãos nas regiões mais salientes e rotundas de nossas anatomias... Porco chauvinista – pensava eu- Mas me segurava de reclamar por temer retaliação. Clarice ao contrário, se esfregava no cara. Depois descobri que ele era o cara interno dela no curso... Eles se encontravam lá fora, eram amantes (ele era casado) FDP! Assim ela conseguiu passar apesar da altura.... Precisava – contudo – acumular provas... Guardei tal descoberta como trunfo a ser usado em momento oportuno.

No telequete do fim de semana receberiamos a visita de uns atletas argentinos que vieram lutar em dupla contra atletas brasileiros. De um desses atletas recebi um convite para conhecer a Argentina. Peguei o telefone e guardei com cuidado. Muito em breve eu estaria provando uma boa picanha argentina...



sábado, 21 de abril de 2012

Deslumbres da Juventude => Parte um



     Aos 17 anos estava no terceiro ano do PII e a vida corria as mil maravilhas. Sonhava com a maturidade em Outubro, mas mesmo assim já tinha relativa boa liberdade. Minha agenda estava lotada: Fins de semana trabalhava no Telequete; durante a semana estudava de manha no curso de aeromoça e a tarde no PII. Deu até tempo para assumir a direção da nossa radio pirata do DCE – feminino. Era a época da libertação feminina. Era de Barbarella, de Sharon Tate, da Jovem guarda e eu não podia ficar de fora desta onda.
 Como era uma radio livre dirigida por mulheres e nome ficou bem apropriado: SEMPRE LIVRE FM! Regulamos a frequência em 106,9mhz e transmitíamos toda noite as 19h. para concorrer com a hora do Brasil. Sempre ganhávamos o Ibope da época. Eu apresentava um programa onde respondia duvidas de relacionamentos, como se fosse uma sexóloga de plantão. As garotas ligavam e eu respondia as perguntas, as vezes sério mas as vezes sarcásticamente adotando o pseudônimo, Donnattela di Marco:

Pergunta=> Querida Donnatella, Tenho 20 anos e não transei ainda porque gostaria que a primeira vez fosse com um namorado fixo, o que você acha?
Resposta=> Vai ser difícil. Todos eles se movem na hora H!
Risos geral no estudio. O microfone cai no chão. Atenção... Outra pergunta.

Pergunta=> O que fazer para surpreender meu namorado que e meio tímido?
Resposta=> Apareça com outro namorado!
Gargalhadas ao fundo. Nem precisava usar as gargalhadas  gravadas.

P=> Tenho um amigo que quer fazer sexo comigo mas ele tem um pênis de 20 cm. Acha que vai ser doloroso? O que faço?
R=> Manda para cá que eu testo para você!
Ppppffffffff... nem eu consegui me conter....

P=> Como faço para seduzir o rapaz que eu amo?
R=> Tire a roupa. Se ele não te agarrar cai fora que e gay...
Grande alerta....
P=> Terminei com meu ex porque ele é muito galinha e agora estou com outro. Mas ainda gosto do EX e as vezes fico com ele! O que devo fazer?
R=> Quem é mesmo galinha nessa historia?
Dá mesmo para se confundir... Outra pergunta....

P=> Quero aprender como enlouquecer meu namorado já nas preliminares... O que faço?
R=> Diga-lhe ao pé do ouvido: “minha menstruação esta atrasada!”
Nao há quem não enlouqueça... Proximo...

P=> Sou feia, pobre e chata... O que devo fazer para alguém gostar de mim?
R=> Fique bonita, rica e legal, obviamente!
Posso até te ensinar algum coisinha.. Next...

P=> O cara com quem estou saindo é muito legal, mas está dando sinal de ser alcoólatra, o que faço?
R=> Não o deixe dirigir!!
ou vá a pé...

P=> Porque, na hora do sexo, naquele vai e vem, na hora em que o corpo esta em atrito e faz aquele som de palmas a gente fica mais excitada?
R=> porque parece que tem torcida!
Maaanda maaanda ver... Maaanda maaanda ver... Próximo...

P=> Apesar do meu tamanho, tenho apenas 15 anos de idade e não tenho cara propriamente linda. O que fazer para poder comer umas gatas?
R=> Nesta idade você tem mais e que comer Sucrilhos...
Ou Nescau ou kinderovo. Na linha....

P=> Sou virgem e rolou pela primeira vez de fazer sexo oral. Acabei engolindo o troço e quero saber se tenho risco de ficar grávida.
R=> Claro que corre o risco e a criança sairá pelo seu ouvido!
É cada uma que me aparece... Próxima...

P=> A primeira vez dói? Tenho 21 anos e não transei por ter medo de doer e não aguentar.
R=> Dói. Mas dói tanto que você vai ficar em coma e nunca mais vai levantar. Vê se deixa de ser fresca e dá logo de uma vez Cinderela...
Se doer e da natureza.. Próximo...

P=> Posso tomar anticoncepcional com diarréia?
R=> Eu tomo com água mas a opção é sua. Use copo descartável.
As vezes com vodka tambem é bom, on the rocks...

    Todas as noitinhas o programa era o maior sucesso ali nas imediações de São Cristóvão e todos queriam conhecer a tal Donnatella. Preservei sua identidade ate o fim do semestre.
No curso de aeromoça minha turma era formada por quase trinta moças porque havia um único rapazinho. A grade era complexa. Tínhamos aulas de: Regulamentação da Aviação Civil, Regulamentação da Profissão de Aeronauta, Segurança de Vôo, Navegação Aérea, Meteorologia, Primeiros Socorros na Aviação Civil, Emergências a Bordo, Fatores Humanos na Aviação Civil, Combate ao Fogo, Sobrevivência na Selva e Sobrevivência no Mar. Tínhamos de estar em boa forma e sermos capazes de salvar a nado pessoas mais pesadas que nós. Logo no inicio surgiu uma grande rivalidade entre eu e uma outra aluna, uma baixinha lourinha magrela e folgada chamada Clarice.
 Tenho certeza que ela media menos do que o regulamento exigia e até hoje me pergunto o que ela teve de fazer para burlar o regulamento. Nós ficávamos revezando os primeiro e segundo lugares nas pontuações das matérias do curso, ora ela ora eu vencia. Sabíamos que a primeira colocada da turma certamente iniciaria sua carreira nos voos internacionais, tudo o que queríamos... Nas aulas práticas de salvamento ela levava a melhor mas eu era melhor na respiração boca a boca que vinha depois com um índice de reavivamento recorde da escola. Eu precisava estar de manha na Ilha do Governador para esse curso e ao meio dia estar em São Cristóvão para o PII. Nem sempre Orlando Marcos podia me levar e dai comecei a levantar a possibilidade de eu comprar uma moto, uma lambretinha. Tempos modernos Era da lambreta.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Juventude Transviada => Parte 3


Com Orlando Marcos eu aprendi o conceito de grude. No dia seguinte, apesar de minhas acertivas de nada mais querer com ele nem com os rachas, ele foi lá em casa no Meyer. Ele certamente ainda estava de olho em pelo  menos uma determinada racha, a minha, creio eu... Se apresentou a papai e mamãe, ajudou a carregar a caminhoneta de embutidos, enfim, bancou o papel de bom moço. Ele não era má pessoa mas o susto me modificou. No afã de realizar as coisas sérias da vida começei a repensar uma estratégia para fazer meu curso de aeromoça.

Estava no fim do segundo ano no PII. Ano seguinte, com 18 anos, deveria me matricular no curso, mas como? Precisava arranjar um emprego durante aquelas férias. Não havia Shoppings Centers nos anos sessenta. Mas eu poderia aproveitar-me de ser fim de ano e as lojas contratarem temporários. Caso eu me adaptasse bem na loja ganharia o emprego durante o ano seguinte. Tudo que precisava era sustentar seis meses de curso! As lojas estavam concentradas no centro da cidade MAS o comércio do Meyer também era relativamente forte. O que fazer?? Orlando me mostrou uma outra alternativa melhor, mais arrojada, mais de acordo com minhas potencialidades. Nessa época o telequete estava na moda. O telequete dos anos sessenta era com os UFC de hoje, só que os salários eram mixurucas. 

A exibição dessas lutas (fake) pela TV – grande moda nos EEUU- iniciava no Brasil. Orlando conhecia uns produtores do evento lá na TV Tupi. Moças bonitas, aquelas que desfilam com os cartazes informativos entre as lutas, eram relativamente bem remuneradas. 

Elas recebiam por semana o que um emprego comum pagava mensal. Além disso, trabalhavam só nos fins de semana (weekends), ora como não precisava de um emprego de futuro mas sim uma fonte de recursos por seis meses, caiu como uma luva.. Só precisava da aprovação de papai e mamãe. Sábado próximo ocorreria um evento desses no estúdio da TV Tupi. Orlando tinha uns ingressos e iríamos a família toda assistir para sondar se o ambiente era propício para uma moça de família. Ou vocês pensam, que eu não era uma moça de família?

Sábado a famiglia toda reunida para assistir uma luta onde Ted Boy Marino encarava o Rino.


Sondando com a equipe ao redor do evento papai confirmou que era um tipo de teatro. O ambiente era tranquilo, eram profissionais do ramo, não havia drogas nem libertinagen (Droga!), enfim, tive seu aval.

Segunda-feira após as aulas, a noite, fui fazer uma entrevista com um dos produtores do evento. Orlando foi comigo. Pediram que eu vestisse um shortinho e desfilasse ali mesmo na sala da entrevista. Deu para perceber os olhos de Orlando saltando num mixto de excitação e ciúme. Outros presentes só de excitação. 

ESTAVA empregada, ganharia em fins de semana o que uma vendedora comum ganharia ralando todo dia: ÓTIMO! Estreei na semana seguinte, trabalho moleza, bastava sorrir, andar chamativamente e carregar a tabuleta... Orlando só de olho. Depois da minha estréia saímos para jantar, eu e Orlando. Olho no olho, olho na mão, mão na mão, mão na boca, boca na boca e a noite seguiu quente no restaurante mesmo. Saímos na direção da estrada do Joá, na época estrada praticamente abandonada. Lá ocorreu o fabuloso coisa na coisa pela segunda vez na minha vida. Foi um pouco diferente, mais rápido... Ele sorria feliz mas eu fiquei com a sensação de quero mais... Porque será??

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Juventude Transviada => Parte 2


Adivinha quem veio me ver na segunda-feira no PII? Orlando Marcos em seu Charger v8. Que roncadeira danada. Seu rival de sábado, Antônio Veras, aluno do terceiro ano do PII, estava lá com seu Maverick estacionado em frente o colégio e pediu uma revanche.

 O bairro de São Cristóvão dos anos sessenta, onde se situa o PII, não tinha o transito caótico que tem hoje. As ruas até eram estreitas mas o fluxo era tão bom que puderam marcar um racha, a tal revanche, para as 22 horas, esse horário se dava no limbo da troca da vigilância da guarda da prefeitura. Informação privilegiada. Como havia um horário de rush e ir e voltar para nossas casas era arriscado, resolvemos ficar pelo bairro mesmo após a saída do PII as 18h. Esperamos até as 22h. O que fazer nesse interim? Antonio ficou bebendo num bar com seus amigos. Grande erro dele. Direção e bebida não combinam. Enquanto eu e Orlando fomos ao cinema assistir uma chanchada brasileira.

Não jantamos porque o charger sacodiria muito e eu – de novo- iria de co-piloto. As 22h estávamos lá Charger e Maverick como se nada fosse ocorrer, estacionados na saida do PII. Antonio estava visivelmente alterado, mesmo assim insistiu em dirigir. Vencia o pega quem primeiro circundasse a ponte dos marinheiros, na Leopoldina e voltasse pro ponto de partida. Ainda havia bondes e todo cuidado era pouco... As 22h => 5, 4, 3, 2 ,1 LARGADA... Lá fomos nós...

Da ultima vez foi fácil vencer o Maverick do Antônio mas desta vez tinha alguma diferença porque fomos lado a lado, pau a pau até quase no Rio Cumprido. No Rio Cumprido passamos a levar vantagem graças a grande estabilidade e peso da traseira do Charger. Avançamos bem a frente quando notamos uma coisa estranha no Maverick do Antônio... Saiu uma fumaça cinza escura e o carro acelerou tremendamente até párear com o nosso: Óxido Nitroso! Esbravejou Orlando... Ele conseguiu NoS.. FDP!!

 O Maverick nos ultrapassou, pau a pau chegamos em São Cristovão. Já na entrada da última rua até o PII o Óxido Nitroso do Maverick esgotou e ele voltou a velocidade normal, mas o Charger, por sua vez teve problema acho que num dos cilindros ou entupimento do giglê, o que interessa é que ambos desaceleramos a contragosto e ganharia quem fizesse a ultima curva mais fechada até o ponto de partida. Como se fosse camera lenta deu para acompanhar certinho a lateral do Charger levantar as rodas da direita pelo meio fio. Levantou até uns 60cm e voltou pro lugar, no entanto, o Maverick não teve a mesma sorte (ou habilidade) e rodopíou na pista nos permitindo ultrapassar MAS comprometendo a segurança porque ele bateu de lateral num poste. Não existia air bags.

Ganhamos o racha mas a comoção foi geral porque Antônio sangrava muito na cabeça. O carro ficou ali, o socorremos, o levamos ao hospital mais próximo. Seu pai (o general) chegou mas desta vez trouxe uns praças junto em companhia. Não houve fichamento policial nem queixa oficial mas o Maverick foi confiscado. O Charger teve de sair as pressas senão seria também. Com o susto traumatizei nessa coisa de racha. Nunca mais participei de nenhum e quem não gostou de minha reação foi o Orlando porque eu passei a querer distância dele também. Durante muito tempo ele ainda me sondava soturnamente...

Juventude Transviada => Parte 1



Embora oficialmente o DCE do PII fosse para reuniões políticas, de vez em quando coisas menos sérias e mais divertidas ocorriam ali. No segundo ano eu desinibi completamente e fiquei mais em evidência... Como resultado choveu paqueras na minha horta. Eu escolhi quem quis. Normalmente uma garota atraente escolheria um rapaz também atraente para se compartilhar MAS eu era diferente. Meu principal critério era tremendamente subjetivo, era a variedade. Assim agindo pude experimentar todo tipo de conformações físicas: Brancos, morenos, negros, mulatos, altos, baixos, magros, gordos, atléticos e etc. 
Namoricos

 A única constante era o fato de sermos eu e ele capazes de sustentar uma conversa. Se ele não conseguisse a coisa não passava de um papo ou tentativa de papo. Meus namoricos iam assim ao sabor do vento ATÈ que uma velha professora, muito coerente, me alertou para tomar cuidado com a minha reputação. A partir deste pito eu pensei que seria melhor arranjar um namorado.
Voz da experiência

Uma das diversões extra classe que ocorriam finais de semana na época eram os rachas de carros nas estradas abandonadas da Barra da Tijuca. Prima Helô era frequentadora assídua e eu passei a me interessar pela circunstância. Ali eu pude me interar melhor das máquinas, pude me animar em conhecer mecânica. Ninguém consegue ouvir o ronco de um Mustang V8 sem se emocionar. 

Havia Mavericks, Opalas, Landaus, Dodge Charger (meu preferido) e até fusquinhas envenenados. Eu já sabia dirigir mas não podia tirar carteira. Como não tinha grana para comprar um carrão desses, resolvi paquerar um cara que tivesse... Eram muitos “candidatos” em potencial, mas um cara do colégio Santo Inácio me chamou a atenção. Havia uma rixa entre o PII e o Santo Inácio. Tal rixa extrapolava as atividades acadêmicas. Namorar um cara do colégio inimigo criaria problemas de popularidade para mim, contudo, como não ligava para isso, segui em frente. Orlando Marcos tinha um Charger envenenado de doer. Era também músico e poeta, além de mecânico (que combinação curiosa). Troca de olhares provocativos... Olho no olho... mão na mão... Olho na boca... Mão na boca... daí foi fácil chegar ao boca na boca. Ele iria correr naquele dia e eu exigi que me levasse como co-piloto. Ele de início não concordou mas com os olhos dei a entender que a recompensa seria boa... Mudou de ideia com a empolgação típica dos adolescentes.

 Lá fomos nós, piloto e co-piloto, eu, correndo pela primeira vez, limpando o para-brisa, secando o suor de sua testa e o escambau... Não dava para ele perder a corrida com um carrão daqueles e a noite depois da nossa vitória teria sido perfeita se a polícia não tivesse aparecido, cercado a todos nós e fichado um a um... Que trágico... Nossa sorte só mudou depois que um general de 3 estrelas apareceu. Era o pai do aluno que perdeu para nós. Deu uma carteirada e graças a isso ninguém ficou fichado... Todos forçados a voltar para casa, no que Orlando aquiesceu em me levar até o Meyer. Durante todo o percurso da Barra da Tijuca até o Meyer pude mostrar a Orlando todo meu apreço por aquele seu gesto cavalheiresco. Para comemorar nossa primeira vitória mostrei a ele minhas técnicas longamente treinadas na infância. Todo aquele treino com as bananas ministrado pelo Oswaldinho teve sua serventia. Eu era uma mestra no assunto...

sábado, 14 de abril de 2012

A garota do Meyer



Aos 16 anos entrei para o fabuloso colégio Pedro II. Dos meus colegas de ginásio só a Sônia conseguiu me acompanhar. O Científico da época era como o ensino médio de hoje, só que se aprendia.... O Científico da época era um padrão de formação que fazia oposição ao chamado Clássico, onde também se aprendia bastante.

 O colégio Pedro II reunia a nata da intelectualidade carioca. Só para citar um exemplo, havia o professor Aurélio Buarque de Hollanda (o do dicionário). Até entre os alunos havia figuras que ficariam famosas nos campos culturais, artísticos, políticos e científicos, ENTRETANTO, quero homenagear aqui os valorosos desconhecidos. Pessoas de valor que nunca ganharam notoriedade MAS que brilham anonimamente nas mais diversas áreas. Dentre estes, alguns da minha trupe. Era um mundo muito diferente da minha primeira escola. Muitas matérias, muitos professores, muitas ideias. Dentre as disciplinas novas, as que não tinham no ginásio, a que mais me encantou pela absoluta inutilidade foi a filosofia. Depois de assistir algumas aulas eu propus uma definição: Filosofia é a arte de buscar pêlo em ovo e filósofo é o cara que acha! 
Filosofia

Pus essa definição na prova, estava (hoje sei) na TPM e ao invés do professor me descontar ele me deu ponto... Ué... essa eu não entendi... Fui pedir explicação. Ele elucidou calmo e sorridente que para desmerecer a filosofia era preciso filosofar... E eu fiquei pensando nisso. Era impossível desmerecer a filosofia sem fazer uso dela mesma? Que curioso! A partir deste evento passei a me informar mais, ler mais e até que fui entendendo e até gostando da disciplina depois. Outra matéria interessante era Biologia. A Professora, materialista por excelência, tentou que tentou nos convencer da inexistência de Deus. Era comunista, o que era preocupante porque vivíamos em plena ditadura. 

Havia uns alunos dentre nós muito diferentes. Cabelo curto. Sem amigos. Baixinhos mas muito peludos para 16 anos. Hoje sei que eram militares infiltrados vigiando os movimentos políticos locais. Um desses era da minha turma. Volta e meia eu o pegava olhando babantemente para minhas pernas. Até que era simpático MAS minhas paqueras eram mais com os intelectuais, o que não faltava no PII. Havia então o DCE, Diretório Central dos Estudantes onde debates calorosos ocorriam sobre temas os mais diversos, quase sempre caindo na política MAS de vez em quando temas mais culturais eram levantados. 

Dentre tais temas havia o da liberdade sexual. Desde 1962 o Brasil produzia a pílula anticoncepcional. No inicio era cara e nem todas podiam MAS a partir de 66 ficou relativamente popular e uma jovenzinha de 16 anos podia pegar umas caronas no ônibus durante o mês para sustentar o medicamento. Antigamente estudante pagava passagem. Hoje em dia alguns alunos são até pagos para estudar... 

Não dá para falar sobre os anos 60 sem tocar no tema Beatles. Coqueluche da época, esses quatro de Liverpool revolucionaram a industria fonográfica e a cultura da época. ENTRETANTO, haviam os opositores que os acusavam de agentes do sistema de alienação cultural. O fato é que não havia um baile onde não se tocasse Yellow Submarine, Penny lane, Lucy in the Sky with Diamonds (LSD) e etc. Eu ainda não sabia mas teria oportunidade de conhecê-los mais tarde.

 Uma agradável surpresa para mim no meio do ano. Meu avô relatou uma braça da família que eu não conhecia e daí descobri que tinha uma prima da mesma idade no PII em outro turno.
Eu, prima Helô e outras.

 Prima Helô era uma graça! Morava em Ipanema era filha única e me convidou para conhecer o apartamento dela. Eu morava no Meyer e nada mais aprazível do que poder visitar a prima, ir a praia e pegar um bronze. Belo dia eu e Helô passeávamos na direção da praia, na Farme de Amoedo, quando fomos interpelados por um de nossos professores que tomava uma cerveja num bar com uns sujeitos que tocavam violão. Enquanto nosso professor nos cumprimentava eles -acho que muito tímidos- nada faziam além de babar no violão... Que coisa mais linda! Disse nosso professor (se fosse hoje seria assédio mas como era anos sessenta...). Nos despedimos e enquanto caminhávamos na direção da praia pudemos ouvir o violão dedilhar: Olha que coisa mais linda... Mais cheia de graça.... Prima Helô vestia uma saída de praia escondendo o corpo porque estava menstruada. Eu – ao contrário- toda serelepe no auge de minha forma em um bikini revelador... Sempre achei que a música fosse para mim...

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Adolescência => A era das descobertas – parte 3


Após terminar o ginásio minhas férias de fim de ano foram muito especiais. Minha avó havia falecido com problemas de parto e por isso papai pediu que eu passasse as férias lá em Santa Maria, afinal, vovô necessitava de apoio agora que suas constantes crises de priapismo não eram mais aliviadas pela vovó... Não é o que vocês estão pensando, seus depravados... Ele agora acordava gritando no meio da madrugada e se aliviava nas cabritas criadas a cevada que mantinha no quintal... Meu papel era trazer as cabritas...


Durante minha estadia em Santa Maria pude conhecer melhor a região agricola por excelência. Durante uma feira de domingo conheci um curioso rapaz de 22 anos. Ele era baixinho, alourado, chamava-se August Presslufthammer, nome difícil de pronunciar. Conversamos, mas foi uma conversa curta. Inicialmente pensei que era assim porque seu sotaque era carregado e dificil de entender. Ele era agricultor e plantava melancias. As melancias que ele vendia iam para todo o país. As frutas excedentes ele consumia com gosto. 

Todo esse enredo serve para lhes contar como iniciou minha vida sexual. Foi numa bela noite enluarada que tudo aconteceu. Voltava eu sozinha para o sitio de vovô dirigindo a caminhonete. Na subida da serrinha o motor desligou sozinho, eu nada sabia de mecânica, como eu era menor de idade não podia pedir ajuda a polícia. Que situação dificil, que enrascada ainda mais porque pegara a caminhonete escondida do vovô... Para minha sorte August passou, também sozinho, em seu caminhão. Ao me ver em situação dificil me deu uma ajuda. Abriu o capot e constatou que a bobina de ignição havia queimado. Passou o rádio (na época usava-se PX) e tivemos de esperar até que seu irmão nos trouxesse uma bobina nova. Enquanto não chegava nos deixamos influenciar pelo luar. Olho no olho... Olho na mão.. Mão na mão... Mão na boca... Boca na boca.... E por ai vai... Mão na coisa UAU! E até que finalmente, 20 minutos depois, COISA NA COISA... Uau triplamente... A caçamba da caminhonete tinha uma lona muito conveniente para o caso e foi ali mesmo que ocorreu a magia. A coisa na coisa foi fantástica. Depois, consultando um dicionário português alemão descobri que “Presslufthammer” em alemão significa “Britadeira” em português... Nada mais significativo. Guga Britadeira foi um espanto. Ele marcou minha vida sexual com um padrão difícil de superar, ainda mais porque, conforme pesquisas atuais, descobriu-se que melancias são como viagras da natureza:




Consertado o veículo cheguei em casa na madrugada mais ainda a tempo de ajudar vovô em plena crise.... Dia seguinte fiquei desconcertada pensando no Guga. Se por um lado meus olhinhos ainda reviravam, pelo outro lado eu me preocupava porque nenhuma precaução tomamos e nem sequer conversamos sobre isso. NOSSA! Que irresponsabilidade! Dizia meu lado sério. Resolvi procura-lo a noite. Na caminhonete fui até a cidade, assuntei com um cara do posto de gasolina e descobri onde era o sítio do Guga, fui lá. Na entrada da casa um varal e roupas de criança. Xii.. Bati a porta ele me atendeu... Saiu as pressas para me esconder de quem dentro estava. Não precisei pensar muito para descobrir. Ele embora tivesse só 22, já era casado e tinha dois filhos. Na tradição Pomerana era assim, se casava bem jovem com esposa arranjada pelo pai (assim me explicou) CONTUDO, descobri depois que ele tinha uma namorada no restaurante local e outra na saída da cidade, no posto de gasolina. Guga era na verdade UM GRANDE CANALHA, depravado e de extremo mau-gosto
Namoradas do Guga... tsctsctsc...

 porque as duas namoradas eram duas barangas (a esposa era outra) ou seja, máu-carater e de mau gosto, mas depois descobri o pior: colhendo informações de quem lhe conhecia a mais tempo descobri que tinha fama de burro. Foi a gota dágua. A partir dai surgiu um lema em minha vida: Homem burro eu não tolero! Não posso me misturar com um cara assim. Nada de bom se tira dali... Adeus Guga! Torci para que esse romance não me trouxesse nenhuma consequência...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Adolescência => A era das descobertas – parte 2





Aos quinze anos debutei na vida. Já tinha o mesmo corpo que tenho hoje. Meu irmão mais velho sumiu! Deu uma desculpa esfarrapada para papai e mamãe e caiu na vida. Disse que iria para o Hawai tentar vida nova e se tornar americano, até hoje não sabemos o que lhe ocorreu. Ele me pediu que eu fosse levar a mala que estava pronta em seu quarto. Peguei um taxi e cheguei ao aeroporto.

 No aeroporto, ao vê-lo embarcar meu coração bateu mais forte assistindo a decolagem do avião. Ainda no aeroporto me encantei com o sorriso das aeromoças, das comissárias de bordo e dos pilotos, UAU! Aquilo sim que era profissão! Hoje em dia para ser aeromoça encara-se um curso de cinco meses e se exige maioridade. No meu tempo, menores podiam fazer o curso (mas não podiam trabalhar). Um grande sonho vislumbrou-se na minha mente: Voar pelo mundo inteiro... Fui me informar mais e soube que o curso era caro. Fui pedir a papai que – atarefado com a entrega de linguiças- nem me deu muita atenção. Bom, o sonho estava lá e bastava eu arquitetar sua realização. Precisei esperar mais dois anos até vê-lo concretizado.


Em 1965 o mundo era muito diferente do que é hoje. Os carros eram carburados, as TVs valvuladas e moda era a minissaia. Na praia alguém passou a usar bikini ao invés de maiô. Houve a inauguração da TV Globo. 

 Estava em voga a guerra do Vietna. E os hippies, “paz e amor”, invadiram o pedaço. Eu desde os treze anos era a rainha do bambolê lá na escola. O único que me derrotava era o Oswaldinho mas como ele era de outra escola meu trono estava garantido (o Flavinho era segundo lugar). 


Depois do fiasco com o Aurélio minhas buscas pelo namorado ideal se intensificaram, contudo, enquanto o cara certo não aparecia eu me divertia com o cara errado mesmo. Por hora, meus namoricos seguiam uma certa lógica. Se limitavam a olho no olho; olho na boca; mão na boca; mão na mão... Boca na boca; olho na coisa, mão na coisa... Mas dai não passava e o FABULOSO “coisa na coisa” ainda ia esperar um pouco, embora eu já tivesse alguma pressa...
Em 1965 a TV Excelsior organizou o primeiro festival nacional da canção. A ganhadora foi a Elis Regina com “Arrastão”. Nós estávamos lá!

Olha eu lá atrás...
 á. Pelo ótimo desempenho no ginasial (antigamente se premiava mérito, hoje em dia nas escolas os que não conseguem aprender são paparicados) minha escola nos deu como prêmio de formatura um ônibus e fomos todos da minha trupe. Lá nos separamos e eu não me fiz de sonsa, cai na gandaia. Achei uns hippies cabeludos bonitões e me escangalhei de beijar na boca... Depois cai nas garras de um mauricinho da época, de gravatinha (este pagou o jantar) no dia seguinte voltei pros hippies. Não experimentei drogas, sexo & Rock'n Rool porque a pressão familiar contra tudo isso era muito forte e por mais libertária que minha índole fosse havia limites. Trocamos telefones, eu e o mauricinho porque os hippies nem tinham casa para instalar o telefone... A volta pra casa foi divertida. A Sônia bêbada, A Juju descabaçada por um hippie de outro grupo, a Ritinha apaixonada por um mauricinho e eu coçava a cabeça feito uma doida, CARACA ! Tinha pegado piolho dos Hippies!! O Flavinho tambem ficou em meio a uns hippies diferentões e estranhei que a viagem toda até em casa ele - embora houvesse poltronas vagas- se negou a sentar... Porque será??